sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Ilhéus: Diretora do HMIJS explica como deve funcionar o Atendimento de Emergência Pediátrica na Unidade

Diretora do HMIJS explica como deve funcionar o Atendimento de Emergência Pediátrica na Unidade n

A diretora geral do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, divulgou hoje (24) números que revelam um movimento crescente no número de atendimentos de Emergência Pediátrica do hospital. Em dezembro, houve 223 atendimentos. Em Janeiro, foram realizados 443 e, em fevereiro, até o dia 24, já ocorreram 422 atendimentos, com projeção de chegar a 600 ao final do mês.

De acordo com a enfermeira Domilene Borges, é preciso sempre estar esclarecendo à população que a Emergência do HMIJS não é “porta aberta” para atendimento, ou seja, não é aquela unidade hospitalar que recebe uma demanda espontânea. Mesmo assim, seguindo orientação da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS), entidade gestora do hospital, e da Secretaria Estadual de Saúde, todos os casos que chegam à unidade hospitalar têm sido acolhidos para não gerar desassistência ou negligência, e, em seguida, encaminhados ao fluxo correto de atendimento.

“A população deve procurar, inicialmente, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, localizado no bairro da Esperança, zona oeste de Ilhéus, onde deverá ser feito o primeiro atendimento e classificado o grau de risco do paciente”, explica.

Serão encaminhados para o HMJS os casos classificados como “mais graves” ou aqueles transportados por equipes do Samu. Domilene lembra que a Emergência Pediátrica do Materno-Infantil é para atendimento de alto risco e quando vem um paciente com sintomas gripais, por exemplo, ele termina ocupando o espaço para outros que demandam maiores cuidados. “Por isso é importante que esse filtro seja feito corretamente, na UPA”, esclarece.

 

Fonte: SECOM do HMIJS

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Hospital Materno-Infantil: aos nove anos e com nove fraturas pelo corpo devido à fragilidade nos ossos, criança faz cirurgia histórica

Com apenas nove anos, Davi Santos Souza já sofreu nove fraturas na região dos quadris e dos membros inferiores. A primeira foi aos quatro anos, no pé. Seis meses depois, jogando bola, fraturou a tíbia. Com cinco anos, o fêmur. Já quebrou a perna ao tentar vestir uma simples bermuda. Seria uma fratura exposta não fosse a agilidade da mãe ao socorrê-lo. Davi sofre de osteogênese imperfeita, uma doença rara e hereditária que prejudica a formação dos ossos e os torna frágeis. O pai é cadeirante e sofre da mesma alteração óssea. O avô, também sofria. Ela é causada por genes defeituosos que afetam o modo como o corpo produz colágeno, uma proteína que ajuda a fortalecer os ossos.

Davi está internado desde o dia 11 no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus. Ele precisou implantar uma haste telescopada na perna esquerda. É um método de prevenção de fraturas em crianças e adolescentes em fase de crescimento. Um diagnóstico de intervenção cirúrgica que não é tão recente assim. Mas que a família vinha lutando para conseguir realizar. O Sistema Único de Saúde (SUS) não paga pela haste.

Desde que a mãe suspeitou da doença, foram inúmeras as idas e vindas ao hospital especializado, no Subúrbio de Salvador, onde realizou consultas de rotina. O sofrimento da criança - explica Luana dos Santos, de 25 anos -, começava desde o transporte na ambulância. “Ele sentia muitas dores até quando passava por um quebra-molas. Havia também o risco dele sofrer novas fraturas”, revela. Esta semana ele fez mais uma viagem para uma consulta em Salvador. A família chegou a ser aconselhada a ingressar na justiça para garantir a aquisição da haste e a cirurgia do filho. Mas sempre teve a consciência de que o processo seria lento demais para um caso que exige rapidez na solução.


Chegada ao Materno-Infantil

A história de Davi começou a mudar no mais recente acidente ocorrido com ele. Na nona fratura ocasionada ao tentar descer do sofá, Davi precisou ser socorrido pelo Samu, que o trouxe pela primeira vez para o HMIJS. O hospital não conta com um centro de ortopedia pediátrica, mas acolheu Davi e o colocou na tela do sistema de regulação do estado. O provável destino seria, mais uma vez, a capital, Salvador. “Não sei explicar. Logo que cheguei percebi que aqui era um lugar diferente, acolhedor, humanizado. Senti a energia positiva das pessoas e percebia que algo de bom iria acontecer”, disse a mãe de Davi.

Parceria pela vida

A energia sentida por Luana resultou em uma grande corrente de solidariedade. A Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS) e o Governo da Bahia, através da Superintendência de Atenção Integral à Saúde, departamento responsável pela área hospitalar da Sesab, firmaram um acordo para que a haste pudesse ser adquirida e a cirurgia realizada no próprio Hospital Materno-Infantil.  Uma equipe médica foi contratada para a realização da intervenção cirúrgica, sob a responsabilidade do ortopedista pediátrico Gustavo Bahia. Na última quarta-feira, o hospital recebeu um “Arco Cirúrgico”, equipamento fundamental para este tipo de cirurgia, que garante aos profissionais executores uma maior compreensão das estruturas e precisão dos movimentos.

Planejamento para a cirurgia

Nos últimos dias, foram inúmeros os encontros com paciente, familiares e equipe médica, planejando todo o procedimento. “É um milagre. Não tínhamos perspectiva da cirurgia nem mesmo em outro lugar por que ela é muito cara. E ele a teve perto de casa, sem custo”, revela Luana. Nesta terça-feira (03), pela manhã, o centro cirúrgico do hospital viveu um momento histórico. Realizou três intervenções cirúrgicas ortopédicas. Dentre elas, a primeira, a de Davi.

A iniciativa revela o avanço em cirurgias de grande porte que passaram a acontecer com mais frequência no interior da Bahia, graças à política de humanização e a estrutura criada nos últimos anos pelo Governo do Estado com forte apoio da FESF SUS. Até então, para intervenções mais complexas, pacientes tinham que se deslocar até Salvador. A chegada deste “arco cirúrgico”, por exemplo, é mais um grande passo para que esta especialidade passe a ser oferecida com mais regularidade na unidade de Ilhéus. De acordo com a diretora Domilene Borges, já há uma tratativa com o estado para a implantação do serviço e a proposta já foi encaminhada à Secretaria Estadual da Saúde. O Hospital Materno-Infantil foi inaugurado em dezembro de 2021. Um investimento em obras e equipamentos que ultrapassa a cifra de 40 milhões de reais. 

Em 2022, o hospital registrou o nascimento de 3.117 bebês, 5.032 internações e 7.065 atendimentos ginecológicos e obstétricos. 230 recém-nascidos foram atendidos e ficaram internados na UTI Neonatal da instituição. Projetado para servir a população de oito municípios da região de Ilhéus e 12 da região de Valença, no baixo-sul da Bahia, o HMIJS chegou ao final de 2022 com 110 municípios atendidos. Para além dos 20 municípios pactuados, o hospital abrigou pacientes de mais 70 cidades de outras regiões da Bahia e de 20 cidades de outros estados da federação. 

Limitações com dias contados 

Luana, a mãe de Davi, lembra que durante todo este tempo em que lutou pela cirurgia do filho, ele estudou apenas dois anos em um ambiente físico de escola. “Davi aprendeu a ler e a escrever em casa, sozinho, sem professor. A sala de aula dele é na cama. Quando tinha uma dúvida ele acionava a professora pelo celular”, revela. Brincadeiras com as outras duas irmãs e com os amigos da rua, eram impossíveis de acontecer. “Vez por outra a gente colocava ele numa cadeira de rodas e levava rapidamente à porta de casa”, explica a mãe de Davi. Mas era sempre uma iniciativa tensa, por conta dos cuidados que todos precisavam ter. “Ele sofria muito. Toda vez que fraturava um osso ele me perguntava: por que isso só comigo? Eu tinha medo que tudo voltasse a acontecer”, esclarece. Luana e Davi não vêem a hora de voltar a uma rotina de normalidade. “Davi está feliz. Tem confiança de que vai voltar a andar. O que ele quer mesmo é ser uma criança normal. Só isso”, resume, emocionada.

Fonte: Ascom - HMIJS