Tem sido intensa a repercussão sobre o tema construção de um novo presídio em Ilhéus pelo governo do estado. Pra uns a obra é uma boa notícia, em decorrência dos empregos que gerará e o mercado de construção civil que fomentará. Todavia há quem considera o novo presídio como uma iniciativa negativa, por conta do estigma de que investimentos assim carregam consigo a rejeição da vizinhança com consequente desvalorização imobiliária e possível aumento da insegurança em suas cercaninhas. Na minha opinião, a obra começa com a negligência de não debater sua implantação, com todos atores a ela relacionados.
Independente das opiniões, posição e analises técnicas, o problema reside na falta de conexão do governo municipal e a sociedade. Essa interface é fundamental pra qualquer gestor que queira ter êxito em seus projetos e planos na administração pública.
Ainda que o governo queira e ou tenha boas intenções, na prática isto não está acontecendo.
Voltando ao caso da repercussão da obra do presídio, se pode pontuar que o local é inadequado, em função de já contar com dois projetos em andamento, com vertentes diferentes. Uma é tal estrada de chocolate, que ainda não aconteceu de fato, mesmo tendo um grande portal no início da BA 262, na rotula do distrito industrial em frente a sede da SUDIC em Ilhéus e um outro portal no acesso dessa mesma rodovia, com ligação a BR 101. Essa proposta é muito boa, mas ainda está somente nas pretenções e submetida ao mal similar do que ocorre no caso da construção do presídio. Outra vertente é a construção do também polêmico Porto Sul. Esse também ainda encontra-se em fase embrionária. Ambos projetos possuem relevância no desenvolvimento regional, ainda que passamos ter pontuais críticas na sua concepção em si. Porém, ambas são totalmente contraditórias com os preceitos que norteiam a construção de presídio em suas abrangências territoriais.
É óbvio que o surgimento de novas vagas prisionárias são necessárias numa região dominadas por facções criminosas e submetidas à violência, que a todos preocupam. Porém, é importante também, dialogar com a sociedade, no ponto de vista objetivo e pedagógico, na construção de politicas publicas de segurança. Vivemos tempos vitais para investimentos humanitários e progressistas. Mas é necessário saber mais sobre o projeto do novo presídio de Ilhéus, que surge com moldes e orientações do ministério da justiça. Não podemos aceitar a vulnerabilidade de conhecê-los apenas com o avançar das obras. Vale ressaltar que o compromisso do município, na parceria de realização do projeto, se restringe a doação do terreno para instalação do presídio, que depois de construído, terá administração e manutenção sob responsabilidade do governo do estado. E olhando cauteloso e superficialmente para essas contradições, podemos compreender como preocupante a ausência de diálogo entre setores do próprios governos do Estado e Município.
É incompreensível essa desarmonia entre atores de uma obra de tamanha complexidade e da mais alta relevância da administração pública. Não é factível para o sucesso dessa iniciativa, a falta de diálogo entre seus executores e o cidadão, ligado diretamente a ela.
Nas três esferas de governo, a sinergia e compartilhamentos de decisões com o público alvo dos investimentos, são pressupostos para o êxito de suas ações e políticas públicas. Infelizmente, não é isto o que está acontecendo na proposta de construção do novo presídio em Ilhéus e neste contexto, não há perspectivas promissoras e todos correm o risco de serem vítimas de uma obra mal começada, pouco debatida e que já carrega consigo o peso da falta de bom senso. O pior é se, após construído, esse equipamento ser entregue a iniciativa privada, iniciando um processo privatista dos presídios baianos. Quiçá, eu esteja errado nesse presságio.
Eu sou JERBERSON JOSUÉ, estudante na escola da vida.