É ao lado da minha mãe que venho desejar um feliz dia das mães.
CANTO DE DESABAFO
Quantas estórias esperei contar-me
No meio da tua história sem risos,
Embotada pelos dias perdidos,
Pelas noites sem estrelas e sonhos.
Quantos carinhos precisei
Da tua mão de mulher,
Do teu olhar de mãe,
Mas ante o medo de amar,
Abrigava-te no mundo irreal,
Sem perdão e afagos.
Quantas histórias precisaram
Refazer-se na luz tosca dos candeeiros,
Mas as sombras e penumbras do passado
Calaram tua voz doce,
Abrigando-te no ontem.
Quantos beijos foram negados
Pela auto-censura,
Pois amar te criava tortura,
E a dor de negar-se era tua única fuga.
Quantas lágrimas rolaram do teu rosto frágil de mulher?
Lágrimas escondidas, paridas do medo, da vergonha
Sempre presente nos teus olhos tristes e distantes.
Hoje, correndo os olhos pelo tempo, com os cabelos brancos
Que se fazem iguais aos teus, pergunto-te:
Ainda há tempo para os abraços,
Os sorrisos, o falar alto, sem medo da censura?
Existem ainda palavras a serem ditas,
fantasias a serem derramadas e expulsas
pelo verde do sonhar?
A poesia precisa ser refeita nos gestos,
Quem sabe até nas lágrimas,
Para que elas nasçam livres,
Derramadas pelo gesto comum de tocarmos às mãos,
De olharmo-nos nos olhos,
E deles explodirem uma prece de amor.
Sabe mãe, ante nosso medo de amar,
Só nos restou a distância e o vazio,
As ações se perderam no tempo,
As palavras embargadas nasceram sem vida,
E no dia a dia cometemos o suicídio do amor.
Olhando-te pela luz clara da paz,
Ainda nego-te o sorriso,
Mas consigo beijar tua alma
Adormecendo no teu colo de mãe e mulher.
No desejo maior de sarar as feridas,
Entoando um cântico de paz à vida.
Somos contas do mesmo colar,
Com feridas abertas e cicatrizes,
Com poucos risos, muitos choros,
Mas com a certeza infinda
Que no abstrato do amor
Tocamos às mãos imaginárias
E juntos cavalgamos para os grandes braços de Deus.
Resta-nos minutos, dias, na verdade pouco tempo,
Mas permitamos os sonhos, os risos, os momentos supremos
Dos abraços, das festas sem datas e horas marcadas de terminarem.
Resta-nos à vida, que mais nos importa?
PAULO MACHADO
Eu sou Jerberson Josué, um estudante da escola da vida!