Adeilton Souza |
Hoje,
no início da noite, uma estrela do PT de Ilhéus nos deixou para brilhar no céu.
Adeilton Souza, conhecido também como Tutuca pelos amigos mais próximos,
faleceu depois de lutar bravamente contra o câncer.
Difícil
encontrar uma pessoa que conhecesse Adeilton antes de ele ser militante, parece
que desde o nascimento seu espírito inconformista e sua indignação contra as
injustiças já estava manifesto, como sua trajetória veio a confirmar ao longo
da vida. Adeilton inicia sua militância no movimento estudantil secundarista,
destacando-se pela capacidade de elaboração e raciocínio afiado. Quando entrava
em uma polêmica, ou nos convencia ou nos vencia pelo cansaço, pois nunca se
dava por vencido. Mas sempre com uma boa dose do humor que lhe era
característico.
Em
suas andanças pelos congressos da UNE conhece dirigentes nacionais do PT e
resolve distanciar-se do campo majoritário do PT em Ilhéus. Nessa época, já
estava na assessoria do mandato da vereadora Carmelita, mas apesar das
divergências, foi sempre leal e comprometido com seu trabalho. Mesmo sem ter
estudado Direito conhecia a legislação municipal como poucos. Adeilton também
foi sempre muito presente nos movimentos sociais, na assessoria da Pastoral da
Juventude contribuiu na formação de muitas lideranças regionais. Sempre que
encontrava Genilson, hoje vice-prefeito de Itacaré, ou Gabriel Chaves de
Uruçuca, gostava de reivindicar sua “paternidade” na formação política deles.
Foi
nas pastorais e Comunidades de Base que se aproximou do grupo de Makrisi, do
qual viria a se tornar chefe de gabinete, quando este foi eleito em 2016. Mas
nenhuma luta tem sentido completo sem amor e Adeilton teve a felicidade de
vivê-lo intensamente ao lado de Jaciara, companheira de todas as lutas,
passeatas e manifestações. Era encontrar um e logo achar o outro. Adeilton
vivia agora o coroamento de sua carreira política, apesar de sofrer de
insuficiência renal, a doença não foi impeditivo para que se tornasse dirigente
estadual do PT conquistando o reconhecimento e o carinho de todos e todas
militantes do PT de Todas as Lutas.
Há
pouco mais de um ano e meio, porém, foi diagnosticado com câncer e iniciou a
dura batalha pela vida. Apesar dos momentos de crise e das fortes dores, nunca
se deixava abater. Recentemente, depois de uma crise muito forte, amigos
próximos acharam por bem afastá-lo das preocupações políticas para que ele
pudesse se recuperar. Do hospital, fez uma chamada irritado: “estão querendo me
deixar fora da discussão? Digam o que está acontecendo?”. Esse era o Adeilton,
agarrado a cada sopro de vida para fazer arder a chama da utopia.
Há
uma grande verdade quando se diz que quando alguém morre, uma parte de nós
morre também. Tutuquinha representa toda uma geração de idealistas, dos que
acreditavam que revolução iria se espalhar como seus discursos inflamados nas
assembleias. Dos que nunca fizeram da política um fim privado; dos que nunca
colocaram seus problemas pessoais em primeiro plano. E não havia limitação ou
doença que o demovia de lutar por um Brasil sem excluídos. Como pessoas assim
fazem falta! Uma estrela partiu para brilhar no céu, para nos iluminar na noite
sombria em que o fascismo ameaça a nossa frágil democracia e, com sua luz, nos
lembrar pelo que lutamos.