Profº
Emenson Silva
A
violência contra a mulher é uma das formas mais cruéis e evidente da
desigualdade de gênero nesse país. A perpetuação dessa prática criminosa,
lamentavelmente encontra espaço na nossa tecitura social, uma vez que
pertencemos a uma sociedade que nasceu dentro de uma estrutura patriarcal,
profundamente machista, desigual, impregnada em valores sexistas, que
diariamente machuca e oprime de todas as formas a construção da identidade
feminina, buscando abafar o papel social relevante que elas exercem.
Nesta
sociedade, imperam a perversidade e a complexidade das muitas formas de violência,
chegando a corromper a subjetividade das mulheres violentadas, suas emoções,
seus desejos, pensamentos e sentimentos impedindo que elas tenham ou possam ter
um espaço relacional harmônico, amigável, saudável, interpessoal ou social. O
abusador de forma esdrúxula e nefasta, age de forma contínua, perigosa e sútil
pois são doentes, desequilibrados emocionalmente ao ponto de não perceberem que
estão ferindo pessoas, machucando vidas, destruindo projetos e sonhos de uma
pessoa. Essa violência era antes considerada invisível diante das diversas
situações vivenciadas por mulheres violentadas.
É
preciso denunciar essa cultura nítida, clara e transparente do abuso, pois
assim ajudaremos a promover a necessária mudança social e comportamental
desejada por muitas que sofrem nas suas relações intrafamiliares, onde preferem
o silêncio a efetivar denúncia, seja por medo, vergonha ou culpa. Se faz
necessário, políticas públicas viáveis que venham a beneficiar de verdade essas
mulheres que durante décadas foram obrigadas a sofrerem caladas, sendo
violentadas por seus companheiros, país, irmãos, chefes, amigos, colegas de
trabalho e desconhecidos.
É
preciso dar um basta, nas múltiplas formas como se apresenta a violência contra
mulheres tais como: física, psicológica, sexual e patrimonial todas essas
maneiras, montam a base da composição de uma sociedade patriarcal e misógina,
como reflexo desta, banaliza, marginaliza e inferioriza a condição da mulher a
de objeto como fora no passado. Enquanto isso, muitas se silenciam, sofrem, se
angustiam, se escondem por não terem sequer o direito de gritar! E assim,
passam a conviver amargamente diariamente com as violências nos mais diversos
espaços principalmente nos ambientes domésticos longe do olhar vigilante de estranhos,
nas relações de trabalho e nas ruas.
Diante
de diversas leis existentes como: Lei Maria da Penha (2006), a do feminicídio
(2015), a de importunação sexual (2018) cabe questionar: por que a persistência
da prática da violência contra a mulher no Brasil? Impunidade? Sensação de
insegurança da vítima? Descrédito referente ao amparo do poder público? Medo?
Vergonha? Posso afirmar ainda que, diante desses questionamentos, as mulheres
violentadas ainda enfrentam o preconceito, já latente e cristalizado no meio
social que contribui para um julgamento opressor, excludente, marginalizados, e
equivocado do contexto da agressão, chegando a inverter a atribuição da culpa
que sempre recai sobre a mulher que sofreu ataques oriundos de relações sociais
profundamente tóxicas e agressivas.
Homens
e mulheres são iguais em direitos e obrigações, é preciso consciência acerca da
importância do outro, é preciso empatia, serenidade para reconhecer os
sentimentos do outro. É imprescindível a adoção de medidas que efetivamente
neutralizem o poder de ação do agressor, buscar a efetivação de projetos
socioeducativos que valorizem e protejam as mulheres, tudo isso visando
contribuir acabar com o sofrimento e dor de tantas Marias, Pamella, Geanes,
Polianas, K.L.P e que estas tenham ao mínimo o direito de não sofrerem em
silêncio. Violência contra mulher é crime! Basta!
Texto:
Profº Emenson Silva
Coordenador do Curso Gabaritando e do Projeto Social Transformar