O acolhimento, os cuidados, os primeiros tratamentos e encaminhamentos voltados para as mulheres, adolescentes e crianças vítimas da violência sexual estão sendo debatidos entre os colaboradores do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, e estudantes de medicina em regime de internato na instituição. Nesta quinta (22) à tarde, o primeiro módulo sobre o tema teve como palestrante a enfermeira obstetra Lucidalva Lima – que compõe o quadro do hospital, uma obra do governo da Bahia, administrada pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).
Lucidalva falou sobre os passos que devem ser dados pelos profissionais do HMIJS quando notificados da violência e assegurou que o HMIJS está preparado para atender a este fluxo. A iniciativa desta série de debates e troca de experiências é da coordenação de Educação Permanente do hospital e visa proteger as vítimas de preconceito, permitindo o tratamento adequado e o encaminhamento correto às autoridades.
A enfermeira obstetra afirmou que a violência sexual já é considerada uma questão de saúde pública e segurança, que exige do estado políticas e ações integradas. Lembrou que o atendimento da pessoa em situação de violência nos serviços de saúde dispensa a apresentação de Boletim de Ocorrência policial. A enfermeira apresentou, também, um dado assustador: em 80 por cento dos casos de violência, o autor mora dentro de casa ou a frequenta como pessoa de confiança da família.
Subnotificação
O que preocupa, segundo a palestrante, é que 90 por cento dos casos de violência sexual não são registrados, o que demanda uma grave subnotificação da realidade nacional. No Hospital Materno-Infantil os profissionais trabalham com o acolhimento, atendimento médico, consulta psicológica e atuação do Serviço Social para acionamento da Rede de Enfrentamento, garantindo a continuidade do cuidado.
Desde o ano passado, o Hospital Materno-Infantil prepara sua equipe para esta realidade. Oficinas com a orientação da Vara da Infância e da Adolescência foram realizadas com a equipe. A iniciativa teve o objetivo de incentivar a articulação da rede de proteção à primeira infância, fomentando a participação dos trabalhadores da saúde na construção e implantação de melhorias na qualidade de atendimento às gestantes, crianças e adolescentes. Também objetivou levar ao conhecimento dos trabalhadores as ações da Vara da Infância na promoção da convivência familiar, realizando estratégias para envolvimento dos colaboradores da instituição.
Fonte: Materno Infantil