Um avanço promissor na ciência está reacendendo as esperanças de uma possível cura para o HIV. Pesquisadores australianos desenvolveram uma tecnologia inovadora: nanopartículas de mRNA capazes de "acordar" o vírus adormecido no organismo, permitindo que ele seja finalmente combatido de forma eficaz.
Atualmente, os tratamentos antirretrovirais conseguem controlar a carga viral e evitar a progressão da doença para Aids, mas não eliminam completamente o vírus. Isso acontece porque o HIV tem a capacidade de entrar em estado de latência — uma espécie de “modo invisível” dentro das células de defesa do corpo, especialmente os linfócitos T CD4+.
É nesse ponto que entra o novo estudo, publicado no dia 29 de maio na revista científica Nature Communications. A pesquisa apresentou um método que encapsula o RNA mensageiro (mRNA) em nanopartículas lipídicas, permitindo que ele chegue com precisão às células infectadas. O mRNA age ativando o vírus escondido, tornando-o visível para que o próprio sistema imunológico, com o apoio dos medicamentos atuais, possa combatê-lo.
“Essa pesquisa nos traz esperança de uma possível cura no futuro”, afirma o pesquisador brasileiro Claudio Cirne-Santos, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Os testes, por enquanto, foram realizados em laboratório com células contaminadas e amostras de sangue de pacientes. A próxima fase envolve testes em animais antes que os ensaios clínicos em humanos possam começar.
A descoberta vem em um momento importante. Embora o mundo conte com avanços significativos no tratamento e na prevenção do HIV, o vírus ainda afeta cerca de 40 milhões de pessoas globalmente. Na América Latina, por exemplo, os casos seguem em crescimento, destacando a importância de políticas públicas e estratégias eficazes de prevenção.
No Brasil, a principal abordagem continua sendo a prevenção combinada, que inclui desde o uso de preservativos até a PrEP (profilaxia pré-exposição), oferecida gratuitamente pelo SUS. Uma das inovações mais recentes é o lenacapavir, uma injeção semestral que apresentou resultados promissores ao reduzir significativamente os índices de infecção entre grupos de risco.
A ciência continua avançando — e com ela, cresce a esperança de que, em um futuro não tão distante, a cura definitiva para o HIV deixe de ser apenas uma possibilidade e se torne realidade.