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Julio Cezar de Oliveira Gomes |
Muito possivelmente você é uma pessoa como eu. Alguém que não é famoso nem rico, que não tem milhares de seguidores nas redes sociais e que mora em uma cidade do interior ou na periferia dos grandes centros urbanos, onde o que fazemos não aparece na grande mídia. Mas a necessidade nos empurra para algum tipo de ação.
É desumano, absurdo e quase inacreditável o que está ocorrendo em Gaza. Ali vemos o exército de Israel avançar e massacrar a população civil desarmada, demolir universidades, escolas, prédios públicos e quarteirões inteiros, e matar, segundo números oficiais, mais de 50 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças.
Vemos o que pensamos que jamais veríamos no século XXI: hospitais sendo bombardeados e médicos mortos, ajuda humanitária sendo impedida de entrar no território e cerca de 250 repórteres assassinados, unicamente, porque exerciam sua sagrada missão de mostrar ao mundo a monstruosidade em curso.
E, reafirmando Jesus, se um dia vier a ser perseguido pela posição pública que assumo, direi para mim mesmo as palavras do Mestre no Sermão da Montanha: Bem-aventurados os que forem perseguidos por amor à minha Justiça, porque deles será o reino dos céus.
O genocídio se abate sobre a população de Gaza com todas as suas características: bombardeio contra civis, assassinato de crianças, uso da fome como arma de guerra, cerceamento máximo à imprensa, confinamento da população em campos de fome e morte, impedimento de ajuda externa e total insensibilidade quanto a todos os apelos em favor da vida, não importa se vindo de outros estados nacionais ou do Papa. A empresa genocida segue surda e insensível a tudo.
E o que nós podemos fazer? Muito pouco, é verdade. Mas talvez o pouco de cada um somado ao pouco de todos resulte em algo eficaz para barrar o avanço do extermínio.
Podemos usar as redes sociais. Podemos usar nossa voz nos grupos sociais que frequentamos, senão em nome do grupo ao menos em nome próprio. Podemos deixar claro para todos que nos conhecem que somos contra o massacre e deixar clara nossa posição política, social e humana sobre isso. Certamente não é muito, mas é nosso máximo no dia de hoje.
Vamos nos posicionar sobre o que acontece em Gaza e aproveitar para dizer o mesmo também sobre o que acontece na Ucrânia e em países da África onde as tragédias que ceifam milhões de vidas são ignoradas pela grande mídia.
E antes que você diga que escrevo estas linhas por conta de meu posicionamento político, que realmente tenho, saiba que não é tanto isso, mas é por pensar que aquelas crianças mortas poderiam ser nossos filhos ou netos; e que aquela família faminta – expulsa de sua casa, refugiada, enlutada e sem a menor perspectiva de presente nem de futuro – poderia ser a minha família.
Não é tanto por consciência crítica ou política, mas porque sou cristão que escrevo este texto, porque Jesus não se calou ante as injustiças de seu tempo, ante o apedrejamento da mulher adúltera, ante os vendilhões do tempo e diante dos religiosos hipócritas que manipulavam as pessoas, e por isso Ele foi preso, torturado e assassinado na cruz.
Não serei da legião dos calados nem dos omissos. E, reafirmando Jesus, se um dia vier a ser perseguido pela posição pública que assumo, direi para mim mesmo as palavras do Mestre no Sermão da Montanha: Bem-aventurados os que forem perseguidos por amor à minha Justiça, porque deles será o reino dos céus.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.